Anatomia no Câncer de Colo do Útero
O colo do útero é a extremidade estreita e inferior do útero. O útero é onde o bebê cresce e se desenvolve antes de nascer. Durante o parto, o colo do útero abre (dilata) e afina (apaga) para permitir que o bebê entre na vagina para nascer. Um ovário e uma trompa de Falópio se conectam à parte superior do útero. Os ovários produzem óvulos para reprodução sexual. Eles também produzem hormônios que afetam o crescimento das mamas, a forma do corpo e o ciclo menstrual. Os óvulos saem do ovário e movem-se através da trompa de Falópio até o útero.
O colo do útero, o útero, a vagina, os ovários e as trompas de Falópio fazem parte do sistema reprodutor feminino.
A maioria dos cânceres cervicais começa na fina camada de tecido que reveste a parte externa e interna do colo do útero. A ectocérvice é a parte externa do colo do útero. Parece arredondado e se estende até a vagina. É revestido por células chamadas células escamosas. No centro da ectocérvice há uma abertura estreita chamada orifício externo. Durante a menstruação, o orifício externo se abre ligeiramente para permitir que o sangue passe para a vagina.
A endocérvice (canal endocervical) é a parte interna do colo do útero que forma um canal entre a vagina e o corpo do útero. A endocérvice é revestida por células colunares (glandulares) que produzem muco. O orifício interno é a parte superior da endocérvice que serve como uma abertura entre o útero e o colo do útero.
A área onde a endocérvice e a ectocérvice se encontram é chamada de junção escamocolunar ou zona de transformação. A maioria dos cânceres de colo do útero e lesões pré-cancerígenas começam na porção ectocérvice da zona de transformação.
O estroma cervical é a espessa camada de tecido muscular abaixo do revestimento cervical. O paramétrio é o tecido adiposo e conjuntivo que envolve o útero (e colo do útero) e o conecta à pelve.
Embora o colo do útero faça parte do útero, o câncer uterino é diagnosticado e tratado de forma diferente do câncer de colo do útero. Mas aqui, não comentaremos câncer de útero, nem câncer de endométrio (parte mais interna do útero), nem mesmo sarcoma de útero.
Neoplasia Intraepitelial Cervical – NIC
O câncer de colo de útero começa como áreas de células microscópicas anormais na superfície do colo do útero. Essas alterações são conhecidas como displasia cervical ou neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Mutações (alterações) no DNA dessas células fazem com que elas se tornem anormais. Se não for tratada, a displasia cervical pode se tornar em câncer de colo do útero.
A NIC é classificada com base na profundidade das células anormais no revestimento do colo do útero. Os graus possíveis são I, II ou III. A displasia cervical torna-se câncer quando a alteração das células invadem o tecido muscular abaixo do revestimento cervical (o estroma cervical).
Uma área de displasia ou câncer também é chamada de lesão. Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau refere a displasia leve (NIC I). Lesão intraepitelial escamosa de alto grau refere-se à displasia moderada ou grave (II e III). A displasia grave, NIC III, é considerada lesão pré-cancerígena.
Fatores de Risco
Um fator de risco é algo que aumenta a possibilidade de desenvolver uma doença. Algumas pessoas sem fatores de risco conhecidos podem desenvolver câncer do colo do útero, enquanto outras com fatores de risco presentes, não desenvolvem.
Infecção por HPV
Quase todos os cânceres de colo do útero são causados por infecção prolongada pelo papilomavírus humano (HPV). O HPV é uma doença sexualmente transmissível (DST) extremamente comum. A maioria das pessoas sexualmente ativas tem ou teve HPV em algum momento. A maioria não sabe se está ou esteve infectada.
Na maioria das pessoas, o sistema imunológico inativa o HPV. Em outras pessoas, o vírus causa alterações celulares de longo prazo que se transformam em câncer. A progressão para o câncer geralmente ocorre décadas após a infecção inicial.
Os especialistas ainda estão aprendendo por que uma pessoa tem câncer de colo do útero e outra não. Outros tipos de câncer causados pelo HPV incluem câncer anal, de cabeça e pescoço, de pênis, de vagina e de vulva.
Existem mais de 100 tipos (cepas) de HPV. A infecção por algumas cepas tem maior probabilidade de causar câncer. As formas de alto risco incluem HPV-16 e HPV-18. Outros tipos de HPV podem causar crescimentos anormais na pele. chamados verrugas no ânus, nos órgãos genitais ou em outras áreas do corpo.
Uma vacina que protege contra 9 cepas diferentes de HPV, incluindo as cepas de maior risco, está disponível nos EUA. Embora anteriormente recomendada apenas para uso rotineiro em adolescentes e adultos jovens, a vacinação é agora uma opção para adultos com 45 anos ou menos nos EUA.
Existem duas outras vacinas contra o HPV disponíveis em outras parte do mundo. Uma protege apenas contra HPV-16 e HPV-18. O outro tem como alvo estes e dois tipos adicionais.
A vacina funciona melhor em pessoas mais jovens (de preferência com menos de 13 anos) porque tem menos probabilidade de terem sido expostas ao HPV. E, embora a vacina possa prevenir novas infecções por HPV, não trata infecções existentes por HPV ou câncer relacionado com o HPV.
Vacinação contra HPV no Brasil
O Ministério da Saúde recomenda que vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de dose única;
- Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
- Vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto, com esquema de 2 doses para as pessoas de 9 a 14 anos e 3 doses para as pessoas de 15 a 45 anos;
- Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com esquema preconizado para idade ou situação especial), com esquema de 3 doses.
- Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
- A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.
Outros Fatores de Risco
Outros fatores estão listados abaixo. Alguns deles levam a um risco maior porque aumentam a probabilidade de exposição ao HPV ou enfraquecem o sistema imunológico, o que pode dificultar a eliminação da infecção pelo HPV.
- Tabagismo;
- Multiparidade (ter dado à luz mais de uma vez);
- Uso de anticoncepcionais;
- Torna-se sexualmente ativo precocemente;
- Elevado número de parceiros sexuais;
- Passado de DST (doença sexualmente transmissível);
- Sistema imunológico enfraquecido (por exemplo devido ao vírus HIV)
Tipos (Classificação)
A maioria dos cânceres de colo do útero origina-se na ectocérvice. Essa é revestida por células escamosas. O câncer que se forma nas células escamosas é chamado de carcinoma de células escamosas.
Cerca de 2 em cada 10 cânceres de colo do útero se formam no canal endocervical. A endocérvice é revestida por células que produzem muco. Essas células são chamadas de células glandulares, semelhantes a glândulas, secretoras ou colunares. Os cânceres que se formam nas células glandulares são chamados de adenocarcinomas.
Menos comumente, o câncer pode conter células escamosas e glandulares. Esses cânceres são chamados de carcinomas adenoescamosos. Às vezes são chamados de tumores “mistos”.
O tipo mais raro e agressivo de câncer de colo do útero é o carcinoma neuroendócrino do colo do útero (NECC). Neste post não será explicado sobre carcinoma de células vítreas, sarcomas ou outros tipos de tumores do colo do útero.
Diagnóstico
Para ter o diagnóstico de certeza, é necessário um análise de pequenos fragmentos do colo do útero, isso é, uma biópsia. Esses fragmentos são analisados por um médico especializado denominado Patologista, esse por sua vez, além de fazer o diagnóstico de certeza do câncer, também na maioria das vezes consegue dizer qual tipo de câncer. A biópsia é o procedimento mais comumente usado para diagnosticar o câncer de colo do útero.
Ao examinar o colo do útero, num exame físico, o médico usa um espéculo, que é um dispositivo para afastar as paredes laterais da vagina, tendo uma boa visualização do colo do útero, e assim pode fazer a biópsia do colo do útero, com a retirada de fragmentos de tecidos anormais de amostra para a análise do Patologista.
Conização
Ocasionalmente a biópsia realizada pode não ser conclusivas, assim pode-se utilizar uma conização. Esse é um procedimento que pode ter objetivo tanto de diagnóstico como terapêutico. Pois desta maneira, o cirurgião terá mais informações sobre a profundidade da lesão, porque acontece a retirada em forma de cone da ectocérvice e do canal endocervical, incluindo toda a zona de transformação.
Comumente é usada uma técnica chamada de Conização com faca fria. Neste método, um bisturi cirúrgico é usado para remover o tecido. Em alguns casos, o procedimento de excisão eletrocirúrgica em alça (CAF) pode ser realizado. No LEEP, um fino circuito eletrificado (aquecido) e um fio é usado em vez de um bisturi para cortar o tecido cervical.
Após remover a amostra de tecido em forma, pode-se usar um instrumento em forma de cureta para raspar uma amostra de tecido do canal cervical. Isso é chamado de curetagem endocervical. Todo o material retirado é examinado por um Patologista para dar o diagnóstico.
Primeira Consulta
Na primeira consulta com Cirurgião Oncológico, o mesmo fará perguntas sobre a saúde passada e atual do paciente incluindo:
- Doenças passadas e atuais, cirurgias anteriores;
- Medicamentos em uso, com ou sem receita médica;
- Estilo de vida (alimentação, nível de atividade física, tabagismo, etilismo, padrão de sono, saúde emocional, etc);
- Possíveis sintomas do câncer de colo de útero, como por exemplo corrimento vaginal aquoso, sangramento transvaginal, sangramento durante relação sexual, dor durante relação sexual e etc).
Também fará um exame físico do paciente, podendo incluir:
- Aparência geral, sinais vitais, exame do abdômen incluindo os linfonodos inguinais;
- Exame da genitália externa, incluindo vulva, uretra e entroito vaginal;
- Exame especular: com auxílio de um instrumento chamado espéculo examinará o canal vaginal, atentando para colo do útero;
- Toque vaginal, exame digital do canal vaginal e colo de útero, atentando se há presença de sangramentos e/ou dor à mobilização, além de sua mobilidade em relação ao corpo de útero;
- Toque retal, exame digital do colo do útero e dos paramétrios, através do reto.
Através desse exame físico, o cirurgião oncológico já pode ter uma previsão do melhor tratamento que o paciente precisa receber.
Alguns exames precisam serem realizados, com objetivo de ter informações sobre a situação da funcionabilidade de órgãos nobres, como por exemplo fígado, rins e outros. Outros exames de sangue também podem ser requeridos, relacionados com a imunidade, como por exemplo nível de albumina, para ajudar na avaliação nutricional e teste para o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). É importante dizer que o fato de ter HIV, não pode afetar o seu tratamento oncológico.
Exames de Imagem
Além de uma consulta médica de qualidade com exame físico minucioso, o paciente necessitará fazer alguns exames de imagem para auxiliarem definir a situação precisa da doença, no intuito de selecionar o melhor tratamento.
Na Tomografia Computadorizada, serão visualizado com detalhes partes do corpo, com diferentes ângulos, combinando ainda várias imagens através do computador, resultando imagens tridimensionais dos órgãos pesquisados. Às vezes, para ter imagens ainda melhores, há a necessidade de uso de uma substância chamada de contraste, podendo ser injetado na veia, ou o paciente beber juntamente com outro líquido para misturar.
Uma tomografia computadorizada pode ser combinada com outro exame de imagem chamado de PET-Scan. Esse exame usa quantidade de materiais radioativos, chamado radiotraçadores. O radiotraçador emite emite uma pequena quantidade de energia que pode ser visualizada pela máquina de imagem. O câncer aparece mais brilhante nas imagens porque as células cancerosas usam o açúcar mais rapidamente que as células normais.
A Ressonância Magnética Nuclear é um exame que usa campos magnéticos fortes e ondas de rádio para fazer imagens de áreas dentro do corpo. Diferentemente da tomografia e radiografias, não usa radiação.
A ressonância pode mostrar os tecidos do útero, incluindo o colo de útero e vaginal de perto, podendo mostrar se o câncer se espalhou para os tecidos mais próximos como o paramétrio, vaginal, bexiga ou reto.
Outros exames de imagem mais simples podem ser utilizados como ultrassonografia e radiografia. Não há necessidade de fazer tomografia e ressonância para todos os casos, logicamente a escolha deverá ser feita pelo médico que está conduzindo o caso, de acordo com cada caso.
Quando a tomografia computadorizada é realizada, essa pode ser combinada com outro exame chamado de PET-Scan. O PET usa pequenas quantidades de substâncias radioativas, chamadas de radiotraçadores. Cerca de uma hora antes do exame, será injetado na veia do paciente esse radioisótopo, que pode ser visualizada na máquina de tomografia. O câncer aparece mais birlhante nas imagens dos radiotraçadores. Em alguns casos, o PET pode ser realizado com ressonância, ao invés de tomografia. É um excelente exame quando bem indicado, e no momento oportuno selecionado pelo seu médico, assim não faz parte da rotina de pré tratamento dessa doença.
Fertilidade e Gravidez
Se logo após o diagnóstico de câncer de colo de útero, a paciente ainda tem o desejo da gravidez, converse com seu médico sobre esse assunto. Pois para os cânceres em fase inicial e/ou de pequeno tamanho, pode-se ter o cuidado necessário para que a gravidez no futuro seja uma realidade.
Nem sempre a gravidez de forma natural é possível, mas os cuidados pertinentes para que a mesma aconteça terão maior eficácia se forem realizados antes do início do tratamento do câncer, podendo incluir até mesmo congelamento de óvulos ou embriões, até mesmo a transposição de ovários, que é uma cirurgia que muda a localização dos ovários quando a paciente receberá Radioterapia, retirando esses órgãos da área a ser radiada.
Estadiamento
Conforme a primeira consulta, com resultado da biópsia e exames de imagem, o médico pode finalmente ter o estadiamento da doença. O estadiamento determina a extensão do câncer no paciente, principal indicador para a melhor escolha do tratamento que o paciente precisa. Dessa maneira, é importante dizer que todas as pacientes antes de iniciar o tratamento necessitam ser bem estadiadas.
O sistema da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) é usado para estadiar o câncer de colo de útero, no qual divide a doença em 4 estádios principais: I, II, III e IV. Cada estádio desse, é ainda subdividido em subestádios que tem letra e também tem um número.
Para definir o estádio do paciente, são basicamente usadas as seguintes informações:
- Tamanho e/ou extensão/profundidade da lesão;
- Presença ou não de gânglios linfáticos comprometidos;
- Localização do câncer abrange somente o colo do útero ou outras localizações próximas;
- Se há ou não presença de câncer em órgãos distantes, como fígado, pulmões, ossos (metástases).
É importante saber que quanto maior o número, mais avançado será o câncer. Saiba mais sobre estadiamento: clique aqui
Planejamento Terapêutico
O tratamento de qualquer tipo de câncer exige um planejamento baseado no estadiamento do paciente. Neste planejamento, envolve uma equipe médica composta do Cirurgião Oncológico, Oncologista Clínico e o Radioterapeuta. Além desses profissionais, também há o envolvimento de outros profissionais de saúde, como Nutricionista, Fisioterapeuta, Enfermeiro, Biomédico, Assistente Social, Psicólogo, Educador Físico, enfim, uma equipe multidisciplinar.
Para cada situação existe pelo menos mais de um tipo de tratamento. É bom saber o objetivo de cada fase do tratamento, como também os efeitos colaterais, possíveis complicações e também prognóstico, pois o paciente tem direito a ter todas essas informações.
Qualquer tratamento pode ter alterações conforme os resultados sejam vistos. Algumas vezes, é necessário novo planejamento.
Ansiedade e depressão são comuns em pessoas com câncer. Desta maneira é importante que o paciente tenha confiança em sua equipe multidisciplinar para conversar todos mínimos detalhes de dúvidas e preocupações envolvidas nesse processo.
Dessa maneira, cada paciente pode receber tratamento cirúrgico, radioterápico e terapia sistêmica, isoladamente ou em combinações, conforme o estadiamento, ou seja, dependerá sempre da extensão do câncer e de outros fatores.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia é frequentemente o principal tratamento para o câncer de colo de útero na fase inicial. Descritos a seguir os tipos de cirurgia que podem ser usadas.
Retirar apenas uma parte do colo de útero pode também ser uma opção para o estádio inicial. Porém, na maioria dos casos, todo o colo do útero deve ser removido. Embora isso possa ser realizado pela vagina, uma incisão (corte) no abdômen é necessária. Quando uma cirurgia é feita por uma incisão (corte) tradicional no abdômen, a abordagem é conhecida como laparotomia.
A cirurgia Minimamente Invasiva, também conhecida como Laparoscópica, envolve fazer apenas alguns pequenas incisões (cortes) no abdômen, suficientes para realizar a cirurgia, mantendo a mesma eficácia de tratamento da cirurgia tradicional, e ainda oferecendo menos dor, menos cicatrizes e menos tempo de recuperação.
Biópsia de Cone
A biópsia em cone envolve a remoção de uma parte em forma de cone do colo de útero que inclui tanto tecido da ectocérvice quanto da endocérvice. É uma opção de tratamento recomendado para alguns cânceres de colo de útero pequenos.
Traquelectomia
Traquelectomia é uma cirurgia para remover o colo de útero. A parte superior da vagina e os linfonodos pélvicos também podem ser removidos. Traquelectomia é uma cirurgia que preserva a fertilidade, pois o útero e os ovários são deixados intactos, permitindo a possibilidade de gravidez natural no futuro.
Numa traquelectomia simples, apenas o colo do útero é removido. Numa traquelectomia radical, cerca de 2 centímetros de tecido vaginal são removidos além do colo de útero. Ambos os tipos podem ser realizados pela vagina ou pelo abdômen.
Histerectomia
Histerectomia é uma cirurgia para remover o útero, incluindo o colo do útero. Vários são os tipos de histerectomia que podem ser usadas para tratamento do câncer de colo de útero.
Desde a mais simples com a retirada somente do útero (incluindo o colo do útero), até a Histerectomia Total Radical, onde é retirado todo o útero, os ovários (bilateralmente), Trompas com seus ligamentos, o terço superior da vagina, além dos linfonodos da pelve e ao redor dos grande vasos.
A escolha do tipo de cirurgia a ser realizada, será pelo Cirurgião Oncológico de acordo com cada caso.
Preservação dos Ovários
Os ovários podem ou não serem removidos durante a histerectomia. Caso o paciente não entrou na menopausa, a cirurgia que remove ambos os ovários causará menopausa, chamada de menopausa cirúrgica, causada pela queda repentina de estrogênio no corpo.
Existem sintomas da menopausa que podem ser repentinos e mais intensos. Esses sintomas podem ser problemas de sono, suor noturno, ganho de peso e alterações de humor. Atrofia vaginal é outro sintoma comum, que é uma condição no qual o revestimento da vagina se torna fino, seco e inflamado. Apesar de todos esses sintomas serem bastante incômodos, nem sempre a condição da doença oferece essa oportunidade de preservar os ovários na cirurgia.
Dessa maneira, a preservação dos ovários pode ser realizada com segurança no tratamento deste câncer apenas para os casos mais iniciais da doença.
Retirada de Linfonodos
As células do câncer podem se espalhar pelo corpo através do sangue e da linfa. A linfa é um fluido transparente que carrega glóbulos brancos que combatem as infecções. Os gânglios linfáticos são glândulas em formato de feijão encontradas em todo o corpo. Eles contém células imunológicas que ajudam o corpo a combater infecções e doenças.
Durante a cirurgia do câncer de colo do útero, os gânglios linfáticos relacionados com a área do tumor podem ser removidos para serem testados para câncer. Isso é chamado de linfadenectomia ou dissecção de linfonodos.
Para retirar os gânglios linfáticos com maior probabilidade de conter câncer, uma biópsia do linfonodo mais provável de ter a doença, chamado de linfonodo sentinela, pode ser realizada. Isso envolve a injeção de um corante especial ou uma substância radioativa no colo de útero perto do câncer. Os linfonodos mais prováveis serão detectados num exame chamado de Linfocintilografia. Caso esse estejam com câncer todo o grupo que ele pertence deve ser retirado.
A linfadenectomia pode fazer parte do tratamento definitivo, ou ser apenas de amostragem para fazer parte de um planejamento terapêutico.
Os grupos de linfonodos que podem estarem comprometidos no câncer de colo do útero, são os linfonodos pélvicos e para-aórticos, ficando ao lado dos grandes vasos do abdômen, a aorta e a cava.
Minimamente Invasiva
Dentre todos os tipos de cirurgia que podem ser realizadas, não podemos esquecer que ela pode ser realizada na grande maioria das vezes de um modo minimamente invasivo, isto é, sem a necessidade de grandes incisões (cortes) no abdômen. Essa opção é a cirurgia vídeo-laparoscópica.
A cirurgia minimamente invasiva pode ser realizada num grande número de casos de câncer de colo do útero, com a mesma eficácia da cirurgia tradicional no tratamento.
Ainda no campo minimamente invasivo, a cirurgia robótica também pode ser utilizada. Nessa o cirurgião opera com o auxílio de um computador, tornando os movimentos mais precisos, através de uma visão 3D privilegiada.
Radioterapia
A radioterapia usa ondas de alta energia semelhantes aos raios X para eliminar as células cancerígenas. Na radioterapia de feixe externo (EBRT), uma máquina direciona a radiação para o local do câncer, determinado previamente. A radiação passa pela pele e outros tecidos para atingir o seu alvo, o câncer e os linfonodos próximos. A radioterapia de feixe externo é administrada em pequenas doses, chamadas de frações.
Um tipo avançado de radioterapia, chamada de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) também é usada para tratar câncer de colo de útero. Nesta modalidade de radioterapia usa-se muitos pequenos feixes de diferentes intensidades. Isso permite alta dose de radiação atingindo o tumor, enquanto limita a doses menores no tecido normal ao redor da doença.
Com a IMRT é possível reduzir radiação para órgãos e estruturas importantes que estão perto do câncer, como intestino, bexiga, genitália externa e articulações do quadril. Isso resulta em uma diminuição dos efeitos colaterais relacionados ao tratamento radioterápico.
Ainda há também a radioterapia corporal estereotáxica (SBRT), um tipo altamente especializado, usado no tratamento de câncer metastático. Altas doses de radiação são aplicadas em tumores no fígado, pulmões ou ossos usando feixes muito precisos.
Efeitos colaterais comuns durante as 5 ou 6 semanas de EBRT incluem fadiga, vermelhidão e irritação da pele, diarréia, náusea e micção frequente ou dolorosa. A maioria desses efeitos colaterais se desenvolve gradualmente, aumentando durante o tratamento, e diminuindo gradativamente após o término do tratamento.
Quando os ovários estão no campo de radiação, causa menopausa precoce. Os sintomas são os da menopausa cirúrgica, descrita anteriormente. A transposição ovariana é uma cirurgia que move um ou ambos os ovários para fora do alcance do campo de radiação.
A Radioterapia para câncer de colo do útero pode ter efeitos colaterais sérios e de longo prazo na fertilidade, na saúde sexual e na função intestinal e da bexiga.
Antes do início da Radioterapia, é necessária uma sessão de planejamento, chamada de simulação. O paciente é colocado na posição de tratamento, sendo realizada uma tomografia computadorizada. Usando as imagens obtidas, juntamente com um software de computador sofisticado, o Radioterapeuta fará um plano de tratamento. Nesse plano serão especificados doses de radiação e a quantidade de sessões necessárias.
Durante o tratamento, o paciente ficará deitado numa mesa, semelhantemente ao posicionamento da simulação. Dispositivos podem ser usados para que o paciente se movimente, além de marcas na pele (tatuagens) ajudarão para uma posição semelhante no decorrer das sessões. Isso ajuda a atingir o alvo com maior precisão.
Quimioradiação
EBRT e quimioterapia são frequentemente usadas juntas para tratar câncer de colo do útero. São administradas simultaneamente (durante o mesmo período de tempo) numa estratégia de tratamento chamada de quimioradiação.
É usada geralmente para cânceres localmente avançados, além do colo do útero, mas sem metástases para órgãos distantes.
Braquiterapia
Também conhecida como radioterapia interna, a Braquiterapia é realizada com material radioativo colocado dentro do corpo. Permite que uma alta dose de radiação seja direcionada ao tumor, limitando a quantidade entregue ao tecido são circundante.
Durante a Braquiterapia instrumentos são colocados no colo do útero, útero e vagina. Um material radioativo é transportado para os instrumentos que foram colocados no corpo. Este método é chamado de Braquiterapia Intracavitária.
Às vezes, instrumentos adicionais são colocados no próprio tumor ou em tecidos próximos ao tumor, sendo chamada de Braquiterapia Intersticial.
A Braquiterapia Intracavitária é a mais usada nos cânceres de colo do útero.
Terapia Sistêmica
Essa modalidade de tratamento usa substâncias que movimentam-se através da corrente sanguínea, alcançando células cancerígenas por todo o corpo. Quimioterapia, Terapia Direcionada e Imunoterapia são tipos de Terapia Sistêmica.
A maioria das terapias sistêmicas são administradas por via intravenosa. Isso significa que são lentamente infundidas na corrente sanguínea através de uma veia. As infusões são frequentemente administradas em ciclos de dias de tratamento, seguidos por dias de descanso, permitindo que o corpo se recupere entre os ciclos.
Terapia direcionada e Imunoterapia são tipos mais novos de terapia sistêmica. Ao contrário da Quimioterapia, a terapia direcionada e a Imunoterapia são mais eficazes no tratamento de cânceres com características específicas, chamados biomarcadores.
Terapia direcionada e Imunoterapia são opções de tratamento em recidivas ou metástase após quimioterapia.
Efeitos Colaterais
Na Terapia Sistêmica, pode haver eliminação de células saudáveis além de células cancerígenas. O dano às células saudáveis causa efeitos colaterais potencialmente severos. Esses efeitos dependem de muitos fatores, incluindo os medicamentos, a dose e o grau de individualidade de cada paciente.
Em geral, os efeitos colaterais são causados pela morte de células de crescimento rápido, que são encontradas nos intestinos, boca e sangue. Como resultado, efeitos colaterais comuns incluem:
- Perda de apetite;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Ferimentos na boca;
- Perda de cabelo;
- Fadiga;
- Aumento do risco de infecção;
- Sangramento ou hematomas ;
- Danos nos nervos (neuropatia).
Seguimento
Após terminar o tratamento principal, o paciente deverá ser acompanhado pelo seu médico, com o objetivo de procurar sinais precoces de possível recorrência.
Dessa maneira num intervalo de tempo definido pelo médico, o paciente será avaliado regularmente com exame físico e exames de imagem, além de também ser acompanhado pelo restante da equipe multidisciplinar.
Nesta etapa de tratamento, acelara-se ao objetivo principal que é restaurar completamente a saúde, não somente no aspecto físico, mas em todas as áreas que compõem uma pessoa saudável.
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Fonte:
- NCCN – National Comprehensive Cancer Network;
- Ministério da Saúde.